sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Dicionario

Arrumando minhas tradicionais bagunças de papel, livros, etc. Acabei não resistindo e dando uma olhadela num "dicionario escolar ingles-português português-ingles" do ministerio de Educação e cultura, 1957 - direitos autorais exclusivos da Fename - Ministerio da Educação e Cultura - Rio de Janeiro - GB - Brasil - 6.a edição - Oswaldo Serpa - 700.000 exemplares - agosto, 1969 - Presidente da Republica Costa e Silva (mare chal) e Minstro da Educação e Cultura, Deputado Tarso Dutra.

- jongo, masc - a negro dance
- maxixe, masc - a gherkin; a Brasilian dance.
- candongueiro, masc - contrabandist; flatterer; intriguer.
- samba, masc - a lively dance of African origin.

Paulinho em Floripa e oficinas de choro dia 07 e 08 nov

Este convite me chegou por email. é da Gabi, pandeirista de Floripa e batalhadora da boa musica brasileira. Segue:

OFICINAS DE CHORO NO BAIACU DE ALGUÉM

Olá, amigos e amigas!

Gostaria de divulgar a vocês e pedir que espalhem aos interessados as oficinas de choro que acontecerão lá na Associação Cultural Baiacu de Alguém, em Santo Antônio de Lisboa, um espaço muito legal onde já estão acontecendo inclusive várias oficinas artísticas oferecidas à comunidade (http://www.baiacudealguem.com.br/).
Aproveitando a vinda de Paulinho da Viola com toda sua banda para Florianópolis (show dia 7 de novembro), consegui marcar uma oficina de choro com dois músicos muito especiais: o Mário Sève (sopros) e o Celsinho Silva (pandeiro). Eles ficarão na ilha um dia a mais para fazermos as oficinas, então é uma boa oportunidade para estar com eles e aprender um pouquinho mais... além de músicos excelentes são pessoas maravilhosas e com muita história pra contar.
O valor das oficinas é bem acesível, R$ 30,00 para fazer uma e R$ 50,00 para as duas, que serão em horários diferentes. Acontecerão no sábado – dia 8 – à tarde, e à noite vai ter festa com os grupos Molho Madêra e Gafieira Light.

OFICINA DE PRÁTICA DE CONJUNTO DE CHORO COM MÁRIO SÈVE
Saxofonista, flautista, compositor e arranjador. Integrante dos quintetos NÓ EM PINGO D'ÁGUA e AQUARELA CARIOCA e da banda de PAULINHO DA VIOLA. Lançou em 2007 seu primeiro cd exclusivamente autoral - CASA DE TODO MUNDO (Núcleo Contemporâneo. Gravou com Marcelo Fagerlande, Daniela Spielmann, David Ganc, Paulinho da Viola, entre muitos outros. É autor do livro VOCABULÁRIO DO CHORO (Ed. Lumiar), realizando workshops e oficinas pelo Brasil. Está lançando CHOROS 100 (Biscoito Fino) – cd e livro - com clássicos do choro e os 3 volumes do SONGBOOK DO CHORO (Ed. Lumiar).
Para esta oficina é preciso ter domínio de um instrumento (melódico, harmônico ou de percussão). Mário Sève irá propor arranjos de clássicos do choro como também de composições menos conhecidas e composições próprias,
já que é um compositor de mão cheia.

OFICINA DE PANDEIRO COM CELSINHO SILVA
Pandeirista, compositor e produtor, integra os quintetos Nó em Pingo Dágua, Cinco no Choro e a banda de Paulinho da Viola desde 1980, com o qual já gravou 9 cds, sempre participando dos shows e gravações. Filho de Jorginho do Pandeiro e sobrinho de Dino 7 Cordas (Época de Ouro), Celsinho Silva vem de uma família de grande importância para a música brasileira. Atua como professor de pandeiro na Escola Portátil de Música (RJ) desde a sua fundação em 2000 e realiza oficinas de pandeiro e choro pelo Brasil e exterior.

* OFICINAS DE CHORO
* ASSOCIAÇÃO CULTURAL BAIACU DE ALGUÉM
Rua Padre Lourenço R. de Andrade, 650
Santo Antônio de Lisboa – Florianópolis
* DIA 8 DE NOVEMBRO (SÁBADO)
* PANDEIRO (CELSINHO SILVA) – 13:30h às 16:30h
* PRÁTICA DE CONJUNTO (MÁRIO SÈVE) – 16:30h – 19:30h
* R$ 30,00 (UMA) R$ 50,00 (AS DUAS)

Quem quiser participar pode me procurar por email ou telefone.
Gabriela Flor – gabrielapandeiro@gmail.com (48) 8405 4128

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ze da Velha e Silverio no Cimples Ócio

Silverio Pontes, Marcus e Ze da Velha
no final da noite apareceram Hamilton de Holanda e Rogerio Caetano - emprestaram 02 cavacos e juntaram-se a Alessandro Cardoso e deu samba com 03 cavaquinhos. Rogerio soltou a voz. E o samba rolou ate 3:30 na cozinha do Cimples Ócio.















A dupla e o regional completo


Marcus era um frequentador. Hoje virou parceiro e amigo do Cimples Ocio. Fez um texto que humildemente pediu para ser analisado. Nem precisaria -só pelo carinho gostando ou não seria postado da mesma forma. Não é especifico para samba e choro, pois dicorre sobre o espaço e não tive coragem de esquarteja-lo para postar nos blogs de culinaria e/ou espaço. Obrigado pelo carinho Marcus Cabeleira. Segue o texto dele:

Cimples Ócio – Silvério Pontes e Zé da Velha - 15 de outubro de 2008

A culinária

A cozinha no Cimples é tão fundamental quanto a boa música. Um elemento importante para o trabalho de resgate das “culturas populares” que Anildo faz já há tempos. E como sempre, a comida estava fantástica, com o toque divinal do triunvirato Elza, Juliana e Neuza (ainda dodoizinha), esta última se superando para colaborar com a festa.

Sem falar nos ajudantes e ajudantas, mas essa parte fica para o dono.

Vaca atolada, calabresa, bolinho de arroz, pratos brasileiros de todos os dias, que exatamente por serem “cimples” acabam por serem sofisticadíssimos na atual era dos fast food’s.

O público

Não tinha “consumidores” de música, o público habitual dos bares hoje em dia, que não conseguem cantar o “Trem das Onze” inteiro, não porque não sabem a letra, mas porque soa em seus ouvidos com o mesmo efeito produzido por uma buzina de carro. Pessoas novas apareceram, apreenderam o espírito do ambiente, do espaço, que também reflete as concepções que o dono tem da vida, da cultura e da boa música. Sabem que não é mais um “barzinho” pra tomar um “choppinho” e ouvir uma “MPB” — seja lá o que isso signifique. O espaço, a música e tudo mais que se vê e se sente no Cimples, não são coisas passíveis de consumo, é pra sentir e refletir, e esse era o público que estava lá ontem. Fundamental também ver os rostos já conhecidos, dedicados e assíduos na arte da Feitoria.

A música

Primeiro, um quarteto de arrepiar, já conhecido entre os apreciadores do bom “samba e choro” curitibano. Julião, Vinícius, Zezinho e Gabriel tocavam como se esculpissem em marfim; tudo precisão e delicadeza com seus instrumentos – nossos ouvidos e nossa alma são inteiramente gratos.
Depois, dois ícones para a história musical brasileira, dois bambas no sentido clássico, de “sábios”, “magos”, “mestres do samba”, já inscritos no panteão dos grandes de nossa música.

Emoção contínua do começo ao fim de cada música, o que se viu pelo brilho beirando as lágrimas nos olhos de vários que desfrutaram de tudo que eles tão bondosamente nos ofereceram.

Silvério e Zé da Velha nos mostram (no meu caso, que não tinha visto o show deles ao vivo ainda) que as manifestações culturais que são efetivamente relevantes para a resistência e reprodução da cultura brasileira ocorrem na “cimplicidade” de espaços e tempos distantes dos megaespetáculos, das grandes produções, do mainstream da indústria cultural negativamente midiatizada, tudo isso enfiado goela abaixo, ao contrário dos que acham que consomem o que querem. Esse é um lado.

O outro lado foi pura emoção mesmo, pela intensidade da música, pela cumplicidade e pelo diálogo o que os dois estabelecem através de seus instrumentos e que seus instrumentos estabelecem através deles. São momentos daqueles que choramos depois porque acabou. É como se um ápice de êxtase se tornasse constante em nossos ouvidos, levando a uma alegria plena. Contagiaram todos e todas mesmo, eles e vosso magnífico conjunto.

Papai e mamãe que há 10 anos não botavam o nariz pra fora de casa para um programa lúdico-musical, estão loucos para retornar.
Parabéns Anildo.

Marcus Pedroso de Souza (Cabeleira), sociólogo, fã do Anildo, apreciador e entusiasta do samba como síntese orgânica e histórica da cultura brasileira

maxixes e carnaval anos 10

1914

Grande escandalo nacional: a esposa do presidente da republica, Nair de Teffé, num baile do Catete, toca ao violão o maxixe Corta jaca, de Chiquinha Gonzaga:
“ Ai!Ai! que bom cortar a jaca
Ai! Sim! Meu bem, ataca
Sem descansar.”

- João Foca e Bastos Tigre assim descrevem o maxixe :
”dança proibida pela policia e pelo cardeal”.
“O cavalheiro segura /
A cavalheira com jeito /
Pouco abaixo da cintura /
E vai chamando ela ao peito /
Ela, a cara, toda terna /
Gruda na cara do meço /
E depois, perna com perna /
Caem os dois no perereco.”

- o grande triunfo do caranaval é – pela primeira vez – o modinheiro Catulo da Paixão Cearense. Junto com João Pernambuco, Catulo alcança tal êxito, durante todo o ano de 1913,
que no carnaval não dá outra: de norte a sul, o povo exclama:
“Caboca de caxanga,
Minha caboca, vem cá.”



Fonte:
Darcy Ribeiro
livro "Aos Trancos e Barrancos - Como o Brasil deu no que deu"
– 2.a edição 1985

domingo, 5 de outubro de 2008

Cimples Ócio - Acervo samba - Curitiba - Paulinho da Viola 10 anos - vinil

A partir de hoje bem lentamente (me bati muito, perdendo tempo demais para postar este) inicio o escaneamento do meus vinis. Espero que mais tarde sirva como fonte de pesquisa para alguns. Como há muitos blogs para baixar os sambas, vou focar nas informações que estes discos traziam, hoje fonte de bons textos para embasamento historico do samba.
A escolha recaiu sobre este disco pelo texto do Sergio Cabral na contracapa que cita um encontro do Paulinho em 1962 com um pessoal da bossa nova - então fica minha homenagem aos 50 anos, comemorados por estes dias (sic). No fundo, de verdade, minha homenagem ao talento do homem e musico Paulinho, que está anos luz na frente de um monte de dois tons da bossa nova que fizeram sucesso. E também pela proximidade do Sergio Cabral com Paulinho.


contracapa

capa


na contracapa embaixo da foto tem um texto do Sergio Cabral e reproduzo abaixo, em função das letras serem pequenas e voces teriam dificuldades para visualizar, vamos lá:
Na primeira vez que vi Paulinho da Viola, fiquei sabendo de uma das suas marcas registradas: a timidez. Foi mais ou menos em 1962, na casa do poeta Herminio Belo de Carvalho, durante uma reunião de músicos e compositores. Herminio pediu a Paulinho para tocar qualquer coisa, mas ele se recusou afirmando que seu violão era "quadrado" ( a maioria dos presentes era francamente da bossa-nova).
Nosso contato seguinte aconteceu em 1963 quando preparamos o lançamento do imortal Zicartola - a casa de samba e restaurante do maravilhoso casal mangueirense Cartola e Zica. Cartola mandava brasa no samba e Zica na cozinha.
Com Hermninio e Zé Kéti, a gente ia ao banco onde onde Paulinho trabalhava para leva-lo ao Zicartola, onde viria acompanhar no violão os grandes sanbistas que se apresentavam na casa.
Paulinho da Viola ainda não era Paulinho da Viola. Era Paulo Cesar. Zé Kéti é que sugeriu a mudança de nome. "Paulo Cesar não é nome de sambista". disse ele. Concordei e sugeri um pseudônimo que tivesse a palavra viola, pois um dos apelidos mais encantadores que conheço na música popular é o do Mano Décio da Viola. "Paulo da Viola", disse Zé Kéti. "Pauliho da Viola", completei.
O batizado foi feito no próprio Zicartola e, se não me engano, foi Zé Kéti que comunicou a Paulo Cesar, que ele seria dali em diante, Paulinho da Viola, que aliás, continuava tímido. Já tinha uns sambas mas era uma dificuldade incrivel fazer o compositor cantá-los. Dez vez em quando, aventurava-se a bancar o cantor (um dos seus sambas falava de de "sapato" e "retrato". Era muito interessante mas nem o proprio Paulinho se lembra mais).
Ficamos amigos. Estivemos juntos no Festival de Arte Negra, realizado em 1966 no Senegal, trabalhamos na antiga casa Grande e em muitos shows, entre os quais um chamado "Sarau", que relançou o choro no consumo e que me traz as mais alegres lembranças.
Posso dizer que se há uma carreira que conheço de perto, esta é a de Paulinho da Viola. Carreira que fca ainda mais próxima quando vejo o repertório desse disco, que começa com "Sem ela eu não vou", do seu primeiro LP (Paulinho escreveu na contracapa e datou: 7 de outubro de 1968) e vai até o choro "Beliscando", sambista e chorão que ele é. Infelizmente, o espaço de uma contracapa não dá para contar a história de cada música, mas não custa chamar a atenção para alguma delas. "Sinal fechado", por exemplo, ganhou o Festival de Musica Popular da Record. "Foi um rio que passou em minha vida" venceu a Feira de Musica da TV Tupi de São Paulo e foi uma espécie de hino da Portela em 1970. "Um certo dia para 21" foi o samba de terreiro que Paulinho lançou na Portela em 1971. "Coisas do mundo, minha nega", finalista da I Bienal do Samba e incluido tanto no primeiro quanto no último LP de Paulinho. Para este disco, o compositor preferiu aproveitar a gravação mais recente, talvez pelo acompanhamento mais leve e, portanto, mais adequado para a música.
Não é preciso escrever mais. Basta ouvir este LP que narra musicalmente os dez anos da carreira de Paulinho da Viola na Odeon. Só isso é o suficiente para qualquer um constatar que se trata de um dos mais veementes exemplos de talento, dignidade e carater da nossa música popular.
Sérgio Cabral
Sinal Fechado
Argumento
Dança da solidão
Nada de novo
Perdoa (participação especial Elton Medeiros)
Coisas do mundo, minha nega
Sem ela eu não vou
Foi um rio que passou em minha vida
Para ver as meninas
Comprimido
No pagode do Vavá
Dona Santina e s eu Antenor
Um certo dia 21
Beliscando
Todas as músicas são de autoria de Paulinho da Viola
Capa Elifas Andreato Fotos: Lena Trindade

sábado, 4 de outubro de 2008

Indicação / informações e audio "Berço do Samba"

Sitio que dá para espremer algumas coisas. Tem audio e boas informações. Esteve fora do ar um bom tempo.

:: Berço do Samba ::O melhor do samba no Brasil!

http://www.bercodosamba.com.br/

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Semeadura e companhias "diga-me com quem andas ..."

Esta postagem é uma homenagem ao Elifas Andreatto, que fomentou umas das minhas paixões - as criações das capas dos vinis do Paulinho da Viola. Fez parte da criação de um dos melhores trabalhos sobre samba, a serie na Abril Cultural Historia da Musica Popular Brasileira. O texto não é de samba, mas vale a homenagem e é bem bonito.
Elifas, escrevendo sobre seu trabalho e vida, na contracapa de sua revista BRASIL - Almanaque de Cultura Popular

Novos velhos amigos
e uma árvore mãe

Ter nascido paranaense em 1946 talvez tenha a ver com minha preferência por anos pares. Nem todos os ímpares foram ruins. Só posso reclamar de um: 1975, ano em que assassinaram o jornalista e amigo Vladimir Herzog.
Mas os pares, sem dúvida, foram mais felizes.
Bento nasceu em 1976; Laura, em 1978. Foram o que de melhor aconteceu em minha vida. Em outro longínquo ano par reencontrei Cleide, minha companheira. Por falta de espaço, lembro apenas de mais um: 1970, quando fiz o projeto gráfico da revista Placar e fundei com ilustres companheiros, na Abril Cultural, a série de fascículos História da Música Popular Brasileira.
Este ano começou muito bem, com homenagens em calendários e agendas da Posi­graf, seção especial com meus retratos de músicos na revista Gráfica - uma das mais conceituadas publicações do gênero -, um novo livro que sairá no fim do ano, e a abertura da minissérie Queridos Amigos, de Maria Adelaide Amaral, companheira de geração e de batalha contra as aflições impostas pelo regime militar.
Agora, vejo consagrado o prestígio deste ALMANAQuE, que junta-se aos parceiros pa­ranaenses que estiveram conosco no passado e a outros igualmente solidários que voltam a apoiar o projeto, numa demonstração clara do apreço e respeito que têm pela publicação. Eles são cúmplices em nossa missão: o resgate e a difusão da memória brasileira e a propagação das boas histórias do País.
Na juventude, quando me via em más companhias, minha sábia mãe lembrava o dito repeti­do por meu avôl: "Diga-me com quem andas e eu te direi quem és” . Há pouco tempo, contei a dona Alzira que estava andando com ótimas companhias. Ela então suspirou aliviada, per­guntou pelos nomes e me benzeu, como sempre fez nas ocasiões em que me viu contente.
Quando nos despedimos, ao abraçar-me, ela falou baixinho em meu ouvido: "Semente bem plantada, meu filho. Sempre dá bons frutos. Colha orgulhoso os frutos de sua semeadura". Já distante, quando me virei para um ultimo aceno, revi minha mãe, e ela pareceu uma pequena árvore com galhos balançando ao soprar do vento.

Elifas Andreatto

“Não há melhor espelho que um velho amigo”
Santo Agostinho

fonte: revista Brasil - Almanaque de Cultura Popular - ano 10 -nr: 111 - julho 2008
http://www.almanaquebrasil.com.br/