quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Samba na rua. Coisa da antiga ou ainda existe? "Nosso Samba ainda é na rua"

Esta em extinção não. Transcrevo materia postada pela Eugenia Rodrigues da Agenda Samba-Choro que é texto da Roberta Martins que vale ficar registrada. Aproveite e veja os comentarios,comprovação que o Samba vai muito bem obrigado.  

Por Eugênia Rodrigues - Publicada em 20 de Dezembro de 2010
Assunto: Outros
"Nosso samba ainda é na rua" é o nome do artigo escrito pela cientista social Roberta Martins no Boletim do Coletivo de Produção Cultural Aracy de Almeida. Em tempos de Choque de Ordem, é uma reflexão deveras pertinente.
"Nosso samba ainda é na rua"
Roberta Martins

´Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua/Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua´.
Chico Buarque
Peguei emprestado esse pequeno trecho de ‘Quem te viu, quem te vê’ , para começar a falar de samba que rola na rua. Por todo o Rio são muitas os locais onde se pode curtir um bom samba. Em casas de show, bares, clubes, teatros, lonas culturais, armazéns a até mesmo sedes de sindicato, são muitas as opções e possibilidades pra quem quer cantar e sambar por aí. Isso sem falar das Escolas de Samba, em cujas quadras, o baticum corre solto.
Mas, a cidade ferve também com as Rodas de Samba que acontecem por ruas e praças, e que expressam de certa maneira uma das mais genuínas formas de fazer samba carioca. Samba feito na rua, onde quem quiser pode chegar.
Observando por um aspecto muito particular, esse modo de realização cultural que acontece na via pública, pode ser visto como um modo de resistência cultural. Apesar de o samba estar muito bem no mercado cultural – Obrigado! – o encontro possibilitado por esse tipo específico de evento cria uma espécie de sistema próprio de afirmação da identidade popular e democrática da cultura do samba. E implicitamente rejeita os discursos que dão explicações de que o samba é um fenômeno, com a sobrevivência consentida e realizada apenas para o consumo.
Quando falo de esquinas e praças, estou na realidade falando de locais onde se dão relações sociais que não são mediadas pela lógica do consumo, a rua, a praça, a via pública são lugares de encontro entre pessoas, espaços relacionais.
Mas, essa prática vem de muito tempo. Lá pelo início do século passado a praça era o lugar do samba na cidade, o melhor exemplo, no caso do samba é da Praça Onze. Da casa de Tia Ciata, e para além do interior do espaço ‘privado’ de suas dependências, se tornou ponto de encontro dos moradores de vários morros, da população pobre e majoritariamente negra e acabou por confundir-se a existência da praça ao samba. Favorecendo a expansão da territorialidade cultural do samba, e disseminando as rodas de samba, blocos, cordões e posteriormente as Escolas de samba.
Lembrando o samba de Herivelto Martins e Grande Otelo, vê-se a comoção com o fim desse espaço do povo e do samba.

" Vão acabar com a Praça Onze
Não vai haver mais Escola de Samba, não vai
Chora o tamborim
Chora o morro inteiro
Favela, Salgueiro
Mangueira, Estação Primeira..."

Hoje o samba ainda rola na rua, não rivaliza, agrega, não esvazia casas onde se faz samba de maneira profissional, ao contrário, atrai cada vez mais admiradores ao samba. Em locais diversos espalhados pela cidade, e só para citar alguns: o Escravos da Mauá, as Rodas de Samba da Pedra do Sal, o Samba de domingo na Feira da Glória, o Samba da Rua do Ouvidor, Praça São Salvador... os ensaios de rua das Escolas de Samba..."
comentarios: http://www.samba-choro.com.br/noticias/25070
fonte: http://www.samba-choro.com.br/